Afinal, qual a idade certa para o primeiro celular? Posso dar um celular para meu filho de apenas 9 anos de idade? Vamos refletir juntos: para quê ele precisa de um celular? Ah, ele precisa de um celular por que gosta de ouvir as músicas dele, tirar fotos, jogar seus games e, também, gosta de ter seu próprio despertador para acordar. Bom, então ele não precisa de um celular, já que todas estas necessidades podem ser supridas de outras formas. Ah, mas sabe o que acontece? Ele passa o dia todo fora de casa, sai da escola direto para o inglês, natação, ballet, futebol e precisamos nos comunicar. Humm, então está começando fazer sentido você querer dar um celular para ele, vocês precisam se comunicar.
Bom, se o seu pequeno está pronto para ter um celular (claro que ele quer ganhar e você quer dar um smartphone), é também chegada a hora de ele conhecer algumas regras importantes, como: filho, você não pode sair por aí tirando fotos das pessoas, tampouco compartilhá-las ou se valer de qualquer imagem ou situação para ridicularizá-las, também não pode baixar aplicativos não indicados para sua idade, estabelecer qualquer tipo de contato com pessoas que não conhece pessoalmente, não fazer deste “aparelhinho” uma parte do seu corpo, obedecer, fielmente, as regras estabelecidas pela escola, quanto ao uso do celular, entre outras. Estes e outros “combinados” podem ser estabelecidos por meio de um contratinho, inclusive, elaborado a “quatro mãos”. Por que não? Como exemplo e a título de sugestão (afinal cada família tem sua rotina) compartilho com vocês dois contratinhos que fiz inspirada nos meus filhos, um sobre o uso do celular e outro sobre navegar na web.
Muito importante é conscientizar-se de que, enquanto pai/mãe ou responsável pela criança, sua rotina também vai mudar a partir desta decisão, ou seja, além de tudo que você já vinha fazendo por e para seu(sua) filho(a), este ser amado e em condição peculiar de desenvolvimento, acompanhar sua vida digital e o uso que faz deste aparelho também passa fazer parte do seu papel. Não só moral, mas legalmente, aos pais (ou responsável legal) cumpre o dever de criar e dirigir a educação dos filhos (artigo 1634, inciso I do Código Civil Brasileiro). Sim, você vai precisar verificar se tudo que combinaram está sendo cumprido, orientar quando necessário e aplicar a devida medida disciplinar, quando constatado algum descumprimento (hoje é você quem o faz, amanhã é o chefe, o cliente, a policia, o juiz…). Mas espera aí, quem consegue acompanhar TUDO que uma criança faz ao longo do dia? Preciso trabalhar para sustentá-lo. É verdade, ninguém consegue. Por isso, a mesma tecnologia que traz oportunidades, riscos e benefícios, também traz ferramentas que contribuem para este novo e importante papel das famílias. São os chamados Softwares de Controle Parental ou Controle dos Pais, que nada mais são que ferramentas auxiliares para segurança de crianças e adolescentes. São auxiliares por que sozinhos não mudam comportamento ou esclarecem os motivos pelos quais o uso da tecnologia deve ser seguro e consciente. Com a ajuda dessas ferramentas é possível verificar e gerenciar a forma como suas crianças e adolescentes utilizam a internet. Limitar o tempo de permanência, estabelecer um determinado horário para utilização, bloquear o acesso a sites e conteúdos considerados inadequados, controlar o uso das redes sociais, jogos, programas e até mesmo impedir downloads, quando necessário, são algumas das funcionalidades oferecidas por estas ferramentas.
Outro ponto que merece especial atenção é a possibilidade de se realizar compras por meio de aplicativos do celular. Não foram poucos os pais surpreendidos com a fatura do cartão de crédito, conheça alguns:
Garoto de 11 anos: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2015/05/menino-gasta-mais-de-14-mil-em-compras-de-aplicativos-pelo-celular-da-mae.html, outro de 10 anos? https://www.tecmundo.com.br/google-play/53833-crianca-britanica-gasta-r-1-500-em-jogos-e-extras-na-google-play-store.htm. Enfim, são vários os casos divulgados e inúmeras as ocorrências que não foram parar na mídia. Fato é que não dá para esperar que uma criança, apesar de sua destreza com a tecnologia, disponha de maturidade o suficiente para entender e escapar das “estratégias” de marketing. Para eles, ganhar o jogo é o que importa.
Portanto, se antes conhecer as possibilidades de restrições que seu dispositivo oferece não lhe parecia importante, agora o é. Sim, é possível configurar o celular de seu filho (e o seu também, caso o dele não seja “suficiente”) para evitar a possibilidade de compras não intencionais (eles sempre dirão – e é verdade – que não sabiam que estavam gastando o dinheiro do papai e da mamãe). Você poderá configurar o dispositivo para exigir senhas para compras, impedir determinados tipos de compras ou, se preferir, desativar totalmente a opção de realizá-las. Ainda há a possibilidade de gerenciamento de conta (compartilhamento familiar), que permitirá o início da compra, mas sua conclusão somente se dará com a autorização do responsável.
Os avanços que as novas tecnologias oferecem são, sem dúvida, fantásticos. Mais incríveis ainda, são as perguntas que recebo das crianças, não só dos meus filhos, mas de alunos com os quais tenho a oportunidade de conversar sobre o assunto: como é que vocês viviam sem celular? A vontade que dá é de responder: não sei, não sei mesmo!! Rs
E para terminar, faço a pergunta que procuro me fazer todos os dias: que tipo de pai/mãe o(a) seu(sua) filho(a) vê quando te observa (desta vez, usando o celular)? Posso contar, explicar, mas o que de fato vai valer é se em mim ele consegue se inspirar e das novas tecnologias, o melhor proveito tirar.
Por Alessandra Borelli – OAB/SP 201535 – Diretora Executiva Nethics Educação Digital