Muitos adolescentes sequer conhecem os filmes e desenhos animados desenvolvidos para sua faixa etária e disponíveis na TV, assistir novelas, noticiários ou “Sessão da Tarde” praticamente, não existe. A internet é, definitivamente, “o lugar”: o lugar onde encontram informação, diversão, se comunicam e, por vezes, se identificam. Opa, opa, opa!! Identificam-se? Como assim?
Um novo perfil de ídolo surge para e entre as novas gerações, são eles: os “YouTubers”. De forma espontânea, autêntica e engraçada (muitas vezes), produzem conteúdos e interagem com o público como se estivessem, de verdade, compartilhando de um mesmo ambiente físico, tipo: a sala de casa. Sim, certos vídeos soam tão naturais e os “YouTubers” se expressam de forma tão à vontade, que parece conversa entre amigos, amigões mesmo (tipo de infância, sabe?).
Com esta nova “turma de amigos” o papo é aberto, sem rodeios e direto no ponto. Fala-se sobre tudo, sobre games, desejos, medos, curiosidades, desilusões amorosas, superação, relacionamento com os pais, irmãos e por aí vai. Tudo de jovem pra jovem.
E diante de toda esta espontaneidade e sucesso, muitos estão se tornando, inclusive, profissionais bem sucedidos, com patrocínios, convites para comerciais de TV, filmes e etc., o número de “YouTubers” vem crescendo exponencialmente e, apesar das regras de exclusão e “desmonetização”, estabelecidas pelo próprio YouTube, para vídeos de conteúdo com conotação sexual, violento, exibição de lesões graves e extremismo, linguagem imprópria, assédio, palavrões, além de assuntos e eventos polêmicos ou delicados, infelizmente, há (e muita) audiência para este tipo de conteúdo.
Assim como muitas outras mídias sociais, o YouTube conferiu a milhares de pessoas a oportunidade de expressar suas opiniões e compartilhar com o mundo suas verdades, aprendizados, crenças e interesses dos mais capciosos possíveis. Por outro lado, “encorajou” o ser humano a agir e expressar certos comportamentos que jamais o faria se não fosse por detrás das telas, seja de um computador, tablete ou mesmo celular. Se ainda não o fez, experimente assistir alguns vídeos que circulam na rede.
Bom seria se todas estas ferramentas tecnológicas fossem utilizadas somente para o bem. Mas isto está longe de acontecer. Há muito conteúdo preconceituoso, carregado de ódio e violência em alguns vídeos, assim como muitos outros instigando, inclusive, a prática de comportamentos que colocam a saúde e a vida em risco, como por exemplo, de desafios/brincadeiras perigosas (challenges/desafio do desodorante, da camisinha, do gelo e sal, de não-oxigenação ou desmaio, da canela, entre outros).
Ainda, sob o pretexto de estarem exercendo o direito a liberdade de expressão, muitos “YouTubers” (boa parte das vezes, por falta de informação e orientação mesmo), perdem completamente o respeito e o bom senso, incitando muitas vezes, com a maior naturalidade, a violência e a prática de crimes, como os contra a honra (calunia, injúria e a difamação), passiveis de condenações civis (lembrando que quem paga a conta são os pais) e criminais. E quer saber o mais triste? Com milhares de visualizações, curtidas e compartilhamentos.
São eles, os novos formadores de opinião de nossos jovens. Alguns muito legais, criativos e inspiradores, sem dúvida. Outros, porém, extremamente nocivos e com comportamentos absolutamente contrários a tudo que estamos tentando ensinar às novas gerações.
Mas vejam só que curioso, boa parte destes “novos ídolos” trazem a participação de suas famílias nas gravações, o que torna o “encontro da turma” ainda mais real e interessante, além de despertar por parte do seu público, o genuíno desejo de também compartilhar o “momento” com a sua (família), o que, aliás, pode ser muito interessante e uma maneira descontraída de conhecer o “YouTuber” e conteúdo que tanto atrai a atenção de seu filho, já que “controlar” tudo que ele faz na internet, além de não ser o caminho ideal, é humanamente impossível.
Como dizem os próprios jovens “aceita que dói menos”. E de novo, sim, são estes os novos formadores de opinião, os “novos amigos” de nossos filhos e precisamos encarar esta realidade com naturalidade e nos posicionar como pais e educadores. Com ou sem tecnologia o incentivo ao pensamento crítico, a disciplina, o respeito às regras e valores devem prevalecer. A falta de habilidade dos pais com a tecnologia não afasta ou diminui sua responsabilidade moral e legal de dirigir a educação dos filhos. Participar da vida digital dos filhos inclui bem direcioná-los ao uso dos recursos tecnológicos, auxiliá-los a suprir o anseio por utilizar, fazer parte deste “mundo digital” da forma mais ética, segura e responsável possível, além de manter-se informados sobre os riscos e oportunidades que as novas tecnologias vos oferecem.
E então, você conhece os “YouTubers” favoritos do seu filho? Seu tempo com “Youtubers” tem tornado seu comportamento excessivamente conflitante com a família? Ou seu filho, munido de informações e orientações adequadas, tanto é capaz de escolher bons “Youtubers”, como observar os “ruins” com o repúdio que merecem, “aprendendo” com alguns o que não fazer?
Por Alessandra Borelli